2013 foi um ano daqueles e em anos daqueles a gente ganha de presente (meio de grego, mas de presente) a oportunidade de fazermos novas escolhas. Eu, depois de chorar rios, decidi sorrir mares. Não, não foi fácil. Não, não foi instantâneo. Vivi no mundo das impossibilidades durante muito tempo até que começou a ser possível um passo aqui, um riso ali, uma nova escolha acolá. E me lembro, com a clareza de um dia lindo de sol, que um dia passando pela avenida de baixo indo pro treino pensei: eu tô feliz! E isso só foi possível porque eu fui escolhendo a dedo a vida que eu queria construir pra mim depois da demolição. Fui escolhendo o que me fazia um bem danado, não um benzinho qualquer, um bem danado!
Fiz tatuagem, saltei de paraglider, cortei o cabelo, deixei o cabelo crescer, fiz luzes, desfiz luzes, comecei a correr (melhor decisão da vida), fui fazer zumba, corri uma meia maratona, corri a São Silvestre, comprei muitos tênis, fui cuidar de mim com o zelo que não tinham cuidado. (sim! Ledo engano achar que isso é responsabilidade de outro alguém).
E porque estou escrevendo tudo isso? Porque hoje cedo tive uma epifania…Eureka!
2019 também foi um ano daqueles e está pau a pau com 2013 que foi o pior ano da minha vida. E eu botei toda a esperança em 2020, ano solar…eu solar, não tinha como dar errado! Chego ao final de 2020 exausta e nem conseguia entender o motivo. Estou há alguns dias questionando se tô doente, se é falta de vitamina, se é a pandemia até que chegou a mim o melhor veredito: falta a vida que escolhi. Sabe a vida que escolhi a dedo? Pois é! Dia após dia, com bons motivos ou com motivos bem fracos, fui deixando de honrá-la, fui deixando de me honrar. E o resultado não poderia ser outro: exaustão e infelicidade.
Hoje, se estivesse em Guaxupé e passasse pela avenida de baixo diria que não estou nada feliz. 2020 até que não foi tão mau, mas a gente não pode abrir mão da vida que escolheu a dedo. Não pode!
Estamos no último dia de 2020 e enquanto todos desejam o novo eu parto em busca do velho. Vou buscar meu velho compromisso de ser feliz, de sorri mares e de fazer novas (velhas) escolhas. Talvez alguns nunca mais precisam ser revigorados, talvez alguns pra sempre precisam ser encurtados, talvez…talvez…talvez… Terapia, com certeza!
Uma vez ouvi em uma palestra da Ariana Schlösser a pergunta mais foda da vida: “quem se traiu?” E a pior resposta que pode haver é que na verdade a gente é que se trai. E em 2020 eu me traí, eu achei que tudo bem algumas concessões, achei que dava conta, achei que tava tudo bem, achei coisas demais e me perdi.
Não gostei da Valéria versão 2020. Mas sou grata por já não ser a versão 2013. E pra 2021, boto fé em mim e no que virá. E boto fé no velho!
Feliz 2021 que mesmo não sendo o ano do sol, trarei o sol em mim e o novo velho ano será solar e azul da cor do Ah…Mar!