.:Bacanices.:

Ser mãe não é pra qualquer um.

Nos últimos tempos, o assunto ser mãe tem estado muito presente na minha vida. Não! Nem precisam sorrisinhos achando que, finalmente, o cuco do relógio biológico começou a gritar. Longe disso! Na quarta, terminei uma aula de Pilates já umas 9 da noite e nos minutos finais uma vozinha do lado de fora gritava “mamãe!”. Era o filho da outra moça que estava fazendo aula. Claro que é bonitinho, mas na minha cabeça só passava: “Obrigada Senhor porque mal dou conta de mim hoje e não tenho mais ninguém pra dar conta chegando em casa.” Porque é isso, ser mãe é uma atitude de extremo altruísmo que nem todo mundo está preparado ou deseja. Não dá pra ser mãe mais ou menos; ou é ou não é. Aí fiquei pensando na responsabilidade gigante que é ser mãe e como essa coisa de ser praticamente uma obrigação produz mães bem meia boca que nunca tiveram vocação para exercer o cargo. Fiquei pensando em uma das minhas melhores amigas que se tornou mãe recentemente. Mandei um presente e junto uma mensagem mais ou menos assim: “pode ir se conformando que esse é seu último presente, daqui pra frente só vai existir sua filha pra mim.” Claro que foi sacanagem, mas é bem assim. Hoje, ela não é mais alguém, ela é  a mãe de alguém.  Minha prima Dani é a extensão da minha família. Então ela sempre está por perto e quando não está a gente até estranha, mas desde que ela teve a Carol e o Pedro, toda santa vez que ela chega sozinha lá em casa ela é hostilizada/ignorada. Ninguém liga pra presença dela e todos queremos saber dos pequenos. Assim como minha amiga, depois de virar mãe ela passou a viver em segundo plano. Gosto de uma história de um amigo do meu irmão mais velho, que estudou com ele desde pequeno. Um dia, já depois de bem mais velho, ele que sempre frequentou a minha casa, virou pra minha mãe e perguntou: “Qual é o seu nome mesmo, porque eu só a conheço como a mãe do Ferrei (apelido que ele chamava meu irmão). O fato é que nenhuma das três se importam com isso. Elas escolheram ser mãe e honram isso. Elas aceitaram que não são mais o centro do universo (exceto dos próprios filhos e olha que responsa ser o centro de universo de alguém!) e que já não protagonizam muita coisa. Os filhos vêm sempre em primeiro lugar. Minha mãe então é hors concours. Sabe aquela história de missão? A dela é ser mãe! Minha, dos meus irmãos, das minhas sobrinhas, dos meus afilhados e de quem mais chegar. Ser mãe é tão natural pra ela que até parece que é fácil, mas não é. Nesse ponto tenho uma opinião bem radical: a partir do momento que uma outra vida depende, inteiramente de você, não dá pra brincar em serviço. E isso não tem nada a ver com errar. Errar, erramos todos o tempo todo. Mas mãe erra na melhor das intenções. Mãe erra pelo excesso…de presença, de cuidado, de amor, de dedicação e até de expectativa. O que não é aceitável é o erro pela falta…de presença, de carinho, de cuidado, de amor, de dedicação e até de expectativa. Mãe forma um outro ser que pode crescer todo lascado sem essas coisas que listei. E alguém já escreveu, sabiamente, que pessoas feridas ferem pessoas. Pensa se a fonte de dor for a própria mãe? Como eu disse, sou radical, porque ser mãe é a responsabilidade mais radical dessa vida. Minha mãe, inconformada com o comportamento de algumas outras mães, vive dizendo que devia ter uma prova pra ver se a pessoa tem aptidão pra isso. Acho, de verdade, que a sociedade tem uma grande responsabilidade pelo caos humano que vemos. Dia desses li um texto ótimo em que um cara questionava a escritora que escreveu que toda mulher só é realizada se for mãe. Percebe a distorção? Ser mãe não deveria jamais ser uma imposição e muito menos um descuido ou simplesmente um roteiro a ser seguido e tampouco uma escolha egoísta pra você se sentir uma mulher realizada. Ser mãe tem que ser escolha, tem que sentir o chamado, igual ser médico. Pensa eu, que não gosto de hospital, detesto morto e nem sou lá muito chegada nos vivos, sendo médica. Não ia prestar! É o mesmo com pessoas auto centradas, pessoas desapegadas, pessoas que acham que você coloca o filho no mundo e a vida se encarrega de criá-los. Não é assim e ponto. A vida, em algum momento, vai situar essa pessoa e dizer: “Toma que o filho é teu.” Rezemos pra que seja enquanto ainda dá tempo de minimizar os estragos! Mas melhor e mais efetivo do que rezar é parar com essa coisa de que toda mulher tem que ser mãe. Tem uma ova! O que todo mundo tem é que ser e fazer feliz. Então, só seja mãe se você for esse ser talhado por Deus com todos esses requisitos apuradíssimos que te credenciam a ser geradora e cuidadora de outra vida. E uma vez escolhido isso, honre sua escolha! Seja MÃE! Com letras maiúsculas e se não gostar, escolhe diferente na próxima, nessa, vai ter que cuidar. Simples assim!

 

3 comentários em “Ser mãe não é pra qualquer um.”

  1. ” Vai ter que cuidar. Simples assim” , Olha este simples assim o que tenho observado é que muitos não andam dando conta não onde os Pais, quero dizer avós e que acabam assumindo esta responsabilidade.

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