Eu acho bonito essa gente que se diz do mundo, que não tem parada e se sente em casa em todo lugar. Eu não sou assim e nem quero ser. Gosto mesmo é de ser de Poços de Caldas…Sulfurosa, com muito orgulho. Sim, esse vai ser um texto super bairrista, mas Poços merece. Hoje, no dia do seu aniversário, estou longe, e tem sido assim já há tanto tempo e o jeito de ficar junto é sempre escrevendo. Já morei em Campinas e agora moro em Guaxupé, cidades que são um pouco minhas, mas não tão minhas quanto Poços. A cidade me viu nascer num dia frio de doer a alma, como costumavam ser os dias frios de inverno de lá. É provável que o céu estivesse com aquele azul que só o céu de inverno de Poços tem. Um azul que de tão belo nem tem definição…só imensidão. E eu vejo a cidade que me viu nascer, crescendo e ficando melhor a cada dia. Parece mágica! Poços cresceu, é uma cidade com uma invejável estrutura, tem um quê de modernidade, mas um olhar mais atento consegue entrever a boa e velha Poços de sempre, mineira em cada detalhe, em suas tradições, em sua fé na padroeira Nossa Senhora da Saúde, em suas praças e cafés onde todo santo dia, não importa a hora que passarmos, sempre vai ter alguém sentado apreciando a vida como se tempo não houvesse e desfrutando de um dos melhores hábitos mantidos na cidade: encontrar os amigos. Apreciar e bem viver a vida. E como é lindo ver como Poços incentiva e proporciona isso e acho que ainda hoje, o símbolo máximo desse amor pelo bem viver é uma cena clássica que se repete há anos: pessoas de todas as idades dançando em volta do coreto na praça central. Naquele momento, o tempo para e a única escolha possível é ser feliz.Eu cresci e Poços também. Mas ambas mantivemos nossa alma mineira que ama as montanhas, que adora receber bem quem chega e morre de saudade de quem vai. Poços é poética simplesmente sendo ela. Não há quem não se encante…Ah! Não há! Em Poços a natureza não é coadjuvante, para todo lado que se olhe tem verde, tem flor, tem vida. Ah! Como tem vida essa Poços! Tem a minha vida! Tem minhas memórias, minhas saudades, meus cheiros, meus sabores…E tem frio, sempre, e mesmo em pleno verão, é possível puxar uma coberta pra se aquecer. E tem geada e o Parque Municipal branquinho como se tivesse coberto por neve. E tem a festa de São Benedito, e tem o Country Club lugar onde passei minha infância toda, e tem aqueles amigos de uma vida inteira, e tem a pracinha da Vila Cruz e a Igreja de São Sebastião, e a água sulfurosa cheirando ovo podre, e tem garapa e pipoca na praça, e café no Sá Rosa, e tinha o pé torto que a gente morria de medo e a Domitília e suas flores e a Cida Caseli e o Carinhoso e tem paraglider (e eu voando de paraglider na foto) e a pista de paraglider e a pedra balão e a trilha do Cristo e é claro que tem o Cristo, sempre lá de braços abertos, abraçando a gente. Poços é aquele lugar pra onde voltar… se tudo der errado, se tudo der certo ou por nada, só porque é o meu lugar.