De tempos em tempos aparece alguém na minha linha do tempo comemorando a façanha de fazer “a limpa” no face. E essas postagens sempre me parecem carregadas de uma libertação tão prazerosa que chego a sentir inveja. Por sorte, meu face sempre foi seletivo, só entra quem tá na vida. E foi então que me ocorreu que talvez seja hora de fazer mesmo é “a limpa” na vida! Sincronicamente, por toda essa semana cantarolei uma música das antigas dos Paralamas que também sempre me pareceu um grande ato de libertação: “Eu hoje joguei tanta coisa fora, eu vi o meu passado passar por mim, cartas e fotografias, gente que foi embora…”Libertação! Ando acreditando com força que é disso que nossa vida carece e é isso que merecemos. E como tudo, a libertação também começa com a nossa decisão de destralhar o coração. Afetos desperdiçados, atenção dada em vão, parcerias fantasiadas e amizades que não eram assim tão amizades. E tá decidido: de hoje não passa! Não passa quem escolheu não ficar e eu insisto em guardar um lugar especial na memória. Não passa quem procura só pra dividir as tristezas. Não passa quem não divide as alegrias e conquistas. Não passa quem escolhe ser com a gente sempre o pior na certeza de que vamos sempre relevar. Não passa quem usa a distância ou a falta de tempo como desculpa esfarrapada pra não se importar. Não passa…não passa…não passa… Pode ser que isso pareça meio radical e julgador, afinal quem sou eu pra achar isso ou aquilo de alguém? Eu sou a pessoa que coloco a amizade em primeiro lugar, eu sou a pessoa que passo horas e horas fazendo com quem gosto o que não faço comigo: botando fé, incentivando, fazendo companhia no fundo do poço e buscando junto lugares pra nos agarrarmos até ser possível subir, sou a pessoa que adivinha pensamentos, sou a pessoa que tô junto na alegria e na tristeza, sou a pessoa que faço questão de dividir meus dias piores, meus dias mais ou menos e que acredita que os dias melhores só farão sentido com a presença de quem compartilhou todos os outros dias não tão bons assim. E sou a pessoa que tem todo o direito de decidir qual energia quero ter na vida, com quem quero dividir minha vida e de não deixar passar quem não fez por merecer. Porque sim, compartilhar a vida é um merecimento, um baita de um merecimento. Imagine você, alguém decidir que sua presença importa na vida dela e fazer questão! Mas também imagine ser dispensável na vida de alguém porque a gente, simplesmente, não soube honrar todo esse merecimento! Eu acho triste, mas como ando achando coisa demais ultimamente, decidi não achar mais nada, e nem me perder em lamentações. Eu vou é viver e muito bem acompanhada por quem faz questão e escolheu ficar! “…e a casa (e a vida) fica bem melhor assim…”