Eu, sinceramente, não sei de onde tiramos essa mania de lamentar tanto as ausências quando tudo o que importa mesmo são as presenças. Chega a ser até desrespeitoso com quem fica. Eu tenho exercitado inverter essa lógica e as lembranças do face são ótimas pra isso. É até engraçado, mas todo santo dia, tenho lembranças com um grupo de pessoas. Pessoas só não, AMIGOS. E tem lembrança de dias bons, de dias maravilhosos e divertidíssimos e também tem aquelas mensagens que só quem se importa é capaz de enviar nos dias em que a vida desanda. E não é só uma questão de proximidade geográfica. Tem gente super longe e que não poderia estar mais perto. Mas é claro que morarmos perto ajuda, mas não é tudo. Soma-se a isso uma vontade mesmo de estar junto, fazer questão de compartilhar momentos, partilhar a vida. A lembrança de hoje trouxe o carnaval do ano passado. Minha casa ficou cheia e quem não foi fisicamente achou maneiras tão simbólicas de estar presente, seja mandando flores, seja mantendo contato o tempo todo no zap…Presença! Outra coisa que acho sempre emocionante é que viramos uma grande família. E não é só força de expressão não. Em casa, elas estão em casa. Na casa delas, estou em casa. Nossas mães adotaram todas e todas estamos incluídas nas rezas, nos cuidados (principalmente comida que é a maior prova de amor) e até nas broncas e conselhos. Fora os amigos de lá virarem amigos dos de cá e parecer que se conhecem há muito tempo também. Essa coisa mágica que só acontece mesmo com quem fica e faz questão. E aqui volto à pergunta inicial: de onde tiramos essa mania de lamentar tanto as ausências? Hoje, proponho que todos nós façamos esse compromisso pessoal de “virar a chavinha” e darmos os devidos pesos a quem vai e a quem fica. Especialmente quem fica e, com reverência, tira os sapatos para entrar na nossa alma sabendo que adentram em solo sagrado ou os doidos que, com irreverência vão só chegando mesmo, se espalhando, espalhando suas coisas e se fazendo sentir em casa dentro de nós, como se lá fosse seu habitat natural. E nada me parece mais verdadeiro do que essa frase: “a vida é com quem fica e faz questão.” Então, com gratidão e em forma de prece agradeço as presenças: bendito aquele que chega e fica.