.:Bacanices.:

A louça que fica.

Era quase meia noite quando olhei meio desconsolada pra bagunça que estava a minha casa e pra pia lotada de louças. Acho que usei todas as taças, talheres, pratos, tigelas, bandejas que tenho e ainda tive que pedir emprestado pra minha mãe e trazer de Poços mais talheres e pratos. Se a gente se restringir só a esse momento que registrei em foto, é natural que dê uma certa tristeza e um sentimento de que está tudo fora do lugar (e está mesmo). O que não dá pra saber, olhando só pra essa foto, é que toda essa zona é fruto de uma noite da mulherada na qual meu apartamento foi invadido por quase 10 pessoas e comemos, bebemos, rimos, celebramos a vida e a amizade e fomos bagunçadamente felizes. A pia lotada de coisas sujas foi o preço que tive que pagar e paguei com todo prazer. Olhando pra essa pia, me veio a ideia de fotografar e de escrever sobre isso porque, na vida, são inúmeras as situações em que chegamos ao final do dia e o quadro que encontramos é desanimador e desastroso e tudo parecendo fora do lugar e fica fácil esquecermos tudo de bom, lindo, bacana e emocionante que antecedeu esse cenário. Porque a vida é isso! É essa bagunça organizada, é esse desarranjar pra rearranjar e, se olharmos bem, o preço que pagamos, na grande maioria das vezes, super compensa tudo o que foi vivido. De que adianta tudo organizadinho e limpinho e em seus supostos devidos lugares se não há vida ali? Nas minhas louças sujas tinha brindes, tinha gente se sentindo tão em casa e “fazendo sala” pra visita (que também já tava se sentindo em casa), teve lembrança de tantas situações que passamos juntas, teve placas de carros e Ss que viraram Q e viraram história. Teve palmas pra nossa universitária que tirou dez e nos encheu de orgulho, teve fofoca, teve tiração de sarro, teve foto, teve falta de espaço e sobra de alegria…teve vida! Nem sempre é possível olhar pra bagunça e enxergar coisas boas, mas te convido a fazer disso um exercício pessoal diário de olhar pra “louça que fica” na pia da vida e buscar lembrar preço do que é isso e, se for o preço por ter vivido, ahhhh…Pague com gosto! Eu paguei!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima