.:Bacanices.:

À flor da pele

“Hoje eu tô chorona… já chorei aqui por isso.” Foi assim que uma amiga reagiu a um post da minha já habitual série “O mundo é bão.” E ela disse isso meio que se justificando e quase pedindo desculpas por estar mais emotiva. Fiquei pensando, cá com meus botões, que esse deveria ser um estado a ser celebrado e que deveríamos nos esforçar para que acontecesse mais e mais vezes. Eu não sei quando, onde nem porque achamos que ficar emocionado, que se encantar e pior ainda, demonstrar isso, seja sinônimo de fraqueza ou um comportamento inapropriado. Mas quão sortudas são as pessoas que, acima e apesar de tudo, ainda vivem à flor da pele. Se fizermos uma retrospectiva dos últimos 3 meses das nossas vidas, em quantos deles levantamos e nos maravilhamos por estarmos vivos, demos de cara com um céuzão azul pintado por Deus e o reverenciamos de algum modo? Quando é que nos emocionamos e não achamos que havia algo de errado com isso? A afirmação da minha amiga me fez questionar tudo isso. É uma grande pena que seja tão raro nos emocionarmos com as pequenas coisas cotidianas e nas raras oportunidades que isso acontece, logo achamos que tem algo errado. E tem! Errado, mas errado mesmo é vivermos nessa normose que tem nos tornado blindados para os encantamentos e impedido que as coisas nos toquem a alma. Talvez isso explique um pouco esse mundo tão embrutecido. Onde não há espaço para o encantamento, para a emoção “fora de hora”, para que sejamos suavemente tocados é um mundo sem espaço para a parte mais bonita da nossa humanidade. Hoje escrevo para também me lembrar que tá tudo bem ficar emocionada com o episódio do seriado, com uma lembrança do face, com uma mensagem boba de um amigo… Eu espero, de coração, que hoje, ao cair da noite, nos encantemos com os tons lindos que surgem no horizonte quando a noite rende o dia, espero que o brilho de uma estrela nos chame a atenção para a imensidão do céu, espero que ao chegarmos em casa e sentarmos no sofá sejamos tomados, avassaladoramente, por um sentimento de pura gratidão e que isso nos emocione, nos transborde e seja a melhor sensação dos últimos tempos. E que isso se repita por tantas e tantas vezes que passe a não ser normal o dia em que não nos emocionamos. E eu só queria deixar registrado em letras garrafais pra que a gente se repita isso como um mantra: “É PERMITIDO SENTIR MUITO.” Sinta muito!

 

 

 

 

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