.:Bacanices.:

Saudades de nós.

Segunda saí da agência meio borocochô, sou do time que ama o horário de verão e que não gosta do fim das coisas, então ontem foi aquele dia bem mais ou menos e sem sol pra ajudar. Como meu joelho não tá lá essas coisas e fui alertada que a zumba piora o quadro, saí do trabalho e fui direto pra casa. Aí passei pela Catedral e deu uma vontade ir à missa. Acho que tava precisando de colo e não há melhor lugar para buscar isso, forando minha casa em Poços, do que lá. Eu sou devota de Nossa Senhora sempre, mas tenho uma relação especial com a Mãe Rainha (sim, parece conversa de doido, eu sei que são a mesma “pessoa”, mas é assim que funciona pra mim) e durante anos era um compromisso sagrado participar da missa do dia 18, dia reservado para renovarmos nossa aliança com ela. E não é que ontem era dia 18 e chego e lá estava ela “me esperando”? Não perguntou porque eu andava sumida, não cobrou nada, nem julgou minha cara de pau de aparecer só porque não tava bem. Como Mãe só me acholheu, acarinhou e acho até que ganhei um sorriso de canto de boca…Me ajoelhei ali e fiquei pensando quando é que abandonei esse hábito que me era tão caro? Aliança renovada, voltei pra casa e era dia de live da Ariana Schlöesser. A Ari foi fundamental na minha vida, é e sempre será a responsável por fazer todas as peças do quebra cabeças da minha vida voltarem a se encaixar do jeito certo,  mas nos distanciamos. Ela perdeu o pai, tirou um ano sabático e voltou falando de uns assuntos que não tocavam mais meu coração…mas era a Ari…e eu tava ali, à toa…fui então assistir. E pra minha alegria ERA A ARIIII! (a boa e velha e sábia e relembradora Ari… e como foi bom ouvir aquela voz e reconhecer muito da fala dela voltando a fazer sentido e encontrando eco em mim…). E a uma certa altura da conversa ela diz: “Talvez seja saudade da gente mesma!” EUREKA! Aquela afirmação me atingiu como nos velhos tempos. Era isso! Estava com saudade de mim! Muita mesmo!  A vida muda e isso é normal, mas não é normal simplesmente abandonarmos coisas que significam tanto pra gente. Fazer isso é, de certa forma, abandonar um pouco de nós e de pouco em pouco abandonado, chega uma hora que bate mesmo uma saudade…e é saudade de nós, do que de fato importa pra nós, do que nos move e comove, do que somos sem esforço, sem motivos, simplesmente somos. E eu sorri ao pensar nisso e agora, escrevendo sobre isso, tá dando vontade de chorar…acho que a saudade de mim tá maior do que poderia supor. E como eu não tinha me atentado pra isso? Simples, estava preocupada em “viver a vida”, em manter toda uma rotina que criei valorizando o que me fazia bem e que por ser receita certeira de fazer bem virou obrigação e retirou todo o espaço pro prazer que eu encontrava ali. E sabe a única responsável por todo esse movimento encarcerador? Eu…exclusiva e totalmente eu! E aposto que você faz o mesmo e nem se dá conta. Aposto que tem dia que bate uma saudade de você e de tão viciado nessa rotina, você nem se dá ao direito de pensar que pode ser saudade de você, dos hábitos que deixou pra lá… Acho que vez ou outra temos que parar tudo e abrir espaço na agenda para renovarmos uma aliança tão sagrada quanto a minha com a Mãe Rainha: nossa aliança com a gente mesmo e com quem somos sem tantos “ter que”. Como foi bom matar saudades…da Mãe Rainha, da Ari e de mim!

 

 

 

 

 

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