Sabe, eu tenho fé, mas ainda me reconheço naquela parcela que, com muito esforço, tem a fé do tamanho de um grão de mostarda. Mas há pessoas que são a representação máxima da fé, não essa coisa elaborada, complicada e que precisa de esforço, mas a fé genuína que vem de uma certeza de que Deus habita em nós. Há pessoas que não racionalizam a fé, apenas vivem a fé com a simplicidade e a intimidade que todos devíamos ter. Hoje, enquanto vinha para o trabalho, passei em frente a Igreja do Rosário e vi uma senhora fazendo, o que me pareceu uma rápida prece com o respeito de quem reverencia o sagrado e, com uma simplicidade comovente mandou um beijo desses que a gente faz à distância, com a mão. É provável que tenha sido recebido como a melhor e mais sincera oração feita por alguém hoje. Imediatamente, lembrei-me de uma história que a Dra. Filó sempre conta, que estava em uma igreja em sua terra natal e entra uma senhorinha, se dirige ao Santíssimo, cochicha algo “em seu ouvido” e vai embora. Simples assim. Acho que fé, de verdade é isso, essa intimidade absoluta com Deus. Sem essa de castigo, sem essa de rituais cheios de pompa, nada disso. Ouvimos sempre que somos um com Deus e que há um Deus que habita em nós, todas frases de efeito porque na hora que o bicho pega, nem lembramos dessa porção divina em nós. Mas essas duas senhorinhas sabem, de um jeito que nunca vamos entender, que são sim um com Deus e têm essa relação de absoluta confiança e desse afeto bobo que só muita intimidade nos permite ter. Não, esse não é um texto sobre religião, mas é sobre fé. Fé que trago hoje tatuada no corpo e que desejo, de todo coração, que um dia seja minha marca registrada e tomara, tomara mesmo que eu possa ao passar por uma igreja, não fazer meu automático sinal da cruz, mas possa, mandar um beijo e diante do Santíssimo, cochichar ao pé do ouvido na certeza de que Ele vai ouvir e cuidar de tudo. Porque disso eu sei: Ele cuida!