Engraçado, eu esperava tão mais da vida…Mas adivinha? A vida também esperava tão mais de mim. Empatamos e estamos mutuamente decepcionadas.Parece catastrófico e nesse momento, acho que até é mesmo. Mas também é libertador. Eu não preciso mais surpreendê-la e ela tampouco espera algo de mim. Estamos vivendo a chance de zerar tudo e recomeçar. Decepcionada, não nutro grandes expectativas e abro um campo fértil para que a vida, no seu tempo, possa fazer o que precisa ser feito com total liberdade. A vida também vai me olhar com outros olhos, decepcionados no começo, mas que se tornarão mais conformados ao longo do processo tendo, eventualmente, momentâneos olhares de condescendência e empatia. Acho que nos tornaremos mais cúmplices. Onde em mim a vida via alguém super que podia tudo se assim o quisesse verá alguém humano com todas as limitações que a humanidade nos confere. Onde na vida eu via super poderes e possibilidades infinitas, verei só vida mesmo, nua e crua. E assim, desse jeito desnudo e sincero de nos olharmos há de nascer uma admiração pelo o que somos de fato e pelo o que podemos almejar, sem super nada, só uma sincera vontade de fazer dar certo de um jeito que não nos machuque e nem nos limite, na exata medida do que somos capazes e desejamos, nada além e nada aquém. E seguiremos nós duas despojadas de ilusões sendo somente o que podemos ser: eu sendo eu e a vida sendo a vida. E isso é tudo!