Para mim, não tem nada mais lindo nessa vida do que céu azul de inverno. Mas é claro que para ter céu azul de inverno, temos que ter o inverno. O frio é o preço a se pagar para admirar esse céu sem igual. E, se formos pensar bem, na vida quase tudo é assim. Dizem que toda vez que escolhemos algo, deixamos de escolher outra coisa. É o preço da escolha. Eu detesto frio, cada vez detesto mais, mas se me perguntassem se eu toparia viver todos os dias da minha vida sem nunca mais ver esse céu azul que só acontece no inverno, não pensaria duas vezes em dizer que não toparia. Você pode pensar que é uma escolha besta essa minha, mas eu realmente acho que vale a pena pagar esse preço. Eu não saberia viver sem céu azul de inverno, a vida perderia muito do seu encanto. Esse final de semana fiquei pensando nisso, nos preços que topamos ou não pagar. O que vale a pena bancarmos o preço e o que não vale. Fiquei pensando quantas e quantas vezes pagamos um preço altíssimo por algo que não valia nem um centavo. Ia ser bem mais fácil se tivesse uma regra não é? Mas a vida não é assim fácil e nem previsível. Certeza que tem gente que nem liga pra céu azul e pagaria qualquer coisa pra não passar frio. Tem gente que suporta tudo para trabalhar em São Paulo e ser bem sucedido dentro daquilo que pra ele significa ser bem sucedido. Então caímos naquele velho lugar que por tantas vezes perdemos de vista: cada um paga o preço que acha que vale por aquilo que lhe é importante. Simples assim. Quando algo ou alguém realmente importam, pagamos qualquer preço. Eu, por exemplo, reclamo um bocado do frio, sofro com o pé congelado e brinco que meu sangue vai até a canela e volta. Mas quando acordo e vejo esse céu azul nada tem tanta importância. Importância! É isso que define o preço que aceitamos pagar. E acho que é bacana começarmos a semana pensando nas coisas que realmente têm importância para nós e que pagaríamos qualquer preço. Pode ser que no meio disso a gente descubra que anda pagando caro demais por coisas que nem deviam ter mais importância ou pela permanência de pessoas na nossa vida que não pensam duas vezes em abrir mão de nós. De tempos em tempos acho que vale a pena sentar e contabilizar o que estamos pagando e se o resultado disso é mais alegria no lucro ou tristeza no prejuízo. Só assim vamos nos dar conta do que vale realmente a pena pagar e do que não vale a pena pagar pra ver.