.:Bacanices.:

Depois da chuva…

Adoro uma frase que diz que primeiro a chuva e depois o arco-íris.

Para a minha tristeza, estamos vivendo o que dizem ser um dos verões mais chuvosos de todos os tempos. Vocês já sabem o quanto detesto chuva, então imaginem minha “alegria”. Enquanto escrevo, olho pela janela e está tudo absolutamente cinza e uma fina chuva insiste em cair já há algumas horas. Persistente que só! Quem dera tivéssemos nós essa persistência! Aliás, dizem que é essa chuva, fina e persistente que faz a verdadeira diferença para abastecer os reservatórios. As chuvas fortes, tempestuosas só fazem  estrago mesmo e não têm propósito algum. Chegam, fazem barulho, destroem e vão embora.

Aí, desacorsoada da vida, me peguei filosofando. Eu aprendi a ser mais atenta às lições que a natureza tem para nos ensinar e como ela tem lições! Adoro as metáforas da primavera, das folhas dos ipês, temas esses que até já viraram bacanices, mas da chuva, habitualmente, só reclamo mesmo. Mas hoje consegui ter um olhar diferente e transformei em bacanice pra compartilhar com vocês.

Fiquei pensando nesse longo período de chuvas quase diárias, nos estragos, nos atrasos, no caos e pensei o quanto temos “verões chuvosos” na vida.  E diante da chuva, no clima ou na vida, não há rigorosamente nada que possamos fazer. Se tem uma coisa nessa vida que não importa o quanto nos esforcemos,  simplesmente não podemos dominar, é a chuva. Assim também o são os nossos verões chuvosos. Claro que não é uma afirmação de acomodação, mas uma afirmação de compreensão e de aceitação. As chuvas são maiores do que nós e só essa constatação já nos coloca em outra perspectiva. Nossos verões chuvosos vêm sempre acompanhados de tempestades, raios, trovões, muito vento e, via de regra, causam estragos, atrasos e caos. Mas tudo isso vem cumprir algumas missões essenciais que os dias de sol dificilmente cumprirão: enxergarmos e darmos valor no quanto a vida é boa na maior parte do tempo e não nos damos conta disso; enxergarmos que nem tudo está ao nosso alcance e que por vezes o melhor a fazer é não fazer nada e só esperar a chuva passar, que mais vale ser chuva fina e persistente do que tempestade e que durante a chuva vários arco-íris  estão sendo gestados para cruzar o nosso céu e jamais daríamos atenção a eles se não tivéssemos passado por tantos dias nublados.

Eu costumo dizer que a vida é didática. Pois a natureza também é. Se ambas são didáticas, porque nos recusamos a aprender? Qual a razão de insistirmos em permanecermos os mesmos? Não há razão, há sempre a boa e velha escolha e por vezes, nossos “verões chuvosos” vêm exatamente para que façamos novas e melhores escolhas. Com tudo fora do lugar, é possível descobrirmos novos e melhores lugares; novas e melhores acomodações; novos e melhores jeitos de organizar. Mas atenção, antes das mudanças e do arco-íris,é preciso que a chuva reine, absoluta!Só assim teremos a rara oportunidade de nos recolhermos, procurarmos abrigo e esperarmos o momento oportuno pra voltarmos a brilhar.  Se o sol respeita esse tempo, porque não fazermos o mesmo?

“Que a chuva caia…
Um dilúvio
Um delírio
Que a chuva traga
Alívio….”

E  tudo bem se o alívio não for assim tão imediato. Há muita água para rolar até que venha o arco-íris! Mas é certo que ele virá!

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