Pra mim, o melhor tipo de pessoa é a que faz caras e bocas involuntariamente. Acontece uma situação e ela não precisa dizer nada porque as expressões faciais dela já dizem tudo. “Curiosamente” eu sou cercada de pessoas assim. Acho que é o bom e velho “semelhante atrai semelhante”. Semana passada fomos gravar na casa de uma amiga e ela rachando de rir e lembrando algumas histórias falou: “Eu acho que a gente devia continuar usando máscara pra sempre!” Não tinha me atentado pra isso, mas a sugestão é mesmo ótima. Desde esse dia estou mais atenta às minhas expressões debaixo da máscara e acho que ando fazendo muito mais caretas do que antes. Acho que meu cérebro tem vivido em êxtase por poder fazer tanta careta sem ser recriminado.
Na verdade, eu detesto máscara. Me sufoca, me esquenta, me incomoda, dependendo do modelo enrosca no brinco e e já quase perdi vários brincos e várias tarraxas, enfim… é um transtorno, mas uso, sempre, todos os dias e em todos os momentos que tenho contato com outras pessoas. Sim, sou dessas, graças a Deus. Mas o fato é que é muito mais divertida essa liberdade careteira, é muito exaustivo ter que ficar controlando nossas reações o tempo todo ainda mais pra pessoas que, como eu e várias amigas e amigos, reagimos involuntariamente a praticamente tudo que acontece na nossa vida, de bom, de ruim, de preocupante, à toa…absolutamente tudo.
Eu já paguei alguns micos homéricos com minhas reações e sempre me divirto muito quando é um amigo que paga esse mico. Por isso é uma questão de saúde mental e relacional continuarmos usando máscaras. O mundo, definitivamente, não está preparado pra nossa sinceridade facial.
Mas essa história de máscara é muito engraçada. Quem nunca tirou foto “sorrindo” de máscara? Fora a mulherada que depois de um ano ainda se esquece e passa batom e coloca a máscara por cima. Estamos nos adaptando a tantos novos protocolos, novas exigências. Tem tanto medo no ar, tanta dor, que a liberdade de poder fazer caras e bocas em paz talvez seja um dos maiores e mais benéficos usos da bendita máscara. Nos poupa de passar vergonha, poupa as outras pessoas de passarem raiva…se bem que é muito divertido ver as caras e bocas alheias.
Bom, concluindo, ainda não cheguei a uma conclusão se sou favorável ou não ao uso das máscaras ad aeternum, mas uma coisa que sou favorável é naturalizarmos as caras e bocas como reações perfeitamente aceitáveis. O mundo seria muito, mas muito mais divertido!