.:Bacanices.:

Guaxupé me mudou…

…pra muito melhor!

É provável que essa seja uma frase que eu não falo tanto, mas eu sinto muito e achei que seria o melhor título para a bacanice celebrativa dos meus 15 anos na terra da Senhora Mãe da Dores.

Eu sempre brinco que não tinha como eu me mudar pra essa cidade que tem essa padroeira e não sofrer e não crescer pela dor. Mas afora a brincadeira, a Valéria de hoje, quinze anos após minha chegada em Guaxupé, é uma Valéria menos Valerinha e mais Valéria Cecília, mais valente, mais dona de si, mais doída, mas também mais afetuosa e que aprendeu que não deve abrir mão do seu sorriso largo por nada e nem ninguém nesse mundo. A Valéria Cecília embora não traga no nome Maria, foi fortalecida pela fé e pelo exemplo e inspiração de muitas Marias, a começar por Nossa Senhora das Dores que também me presenteou com muito amor aqui. Aqui ganhei irmãos, irmãs, amigos e amigas que ampliaram meu conceito de família, familhagem, irmandade…e tudo por escolha do coração.

Dizem que de tempos em tempos a vida nos desafia pra se certificar se queremos mesmo determinada coisa. E deve ser por isso que de tempos em tempos a vida que construí aqui é colocada à prova. Confesso que recentemente titubiei e minha primeira vontade era juntar minhas coisas e ir embora pra nunca mais voltar, mas a tristeza é má conselheira e é provável que eu jamais tenha ficado tão triste e decepcionada do que dessa última vez. É diferente quando  decepção vem de alguém que a gente imaginava que nunca ia ser capaz de nos virar as costas, ainda mais sendo um momento tão difícil quando precisávamos exatamente do oposto. É diferente quando a decepção vem de alguém que você considera meio que sua extensão, alguém que você tem uma relação de simbiose há tanto tempo que nem consegue imaginar a vida sem, mas infelizmente, a pessoa consegue imaginar e viver perfeitamente bem sem a sua amizade e essa dor é daquelas gigantes, quase impossíveis de superar. Mas ainda bem que existe o quase e quem nos acolhe, nos acarinha e faz tudo que a gente esperava de quem escolheu nos negar sua amizade.

Mas até esse momento eu compreendi como mais uma lição, dura, mas também amorosa dessa terra que me abraçou, me acolheu e me fez sentir em casa e dia após dia me faz crescer, me faz ser um ser humano melhor, uma profissional melhor e uma amiga melhor que sabe exatamente o que dói em si e faz o seu máximo pra não provocar a mesma dor em quem lhe é tão caro.

A vida que eu tenho aqui é a vida que eu escolhi pra mim. É a vida em que eu madrugo mesmo com frio pra correr e fico orgulhosa de mim. É a vida onde eu trabalho na minha agência e sou exatamente o que eu queria ser quando crescesse. É a vida que me permite em pouco mais de uma hora estar em Poços pra matar saudade ou reabastecer de energia quando as coisas por aqui pesam mais do que eu acho que posso aguentar. É a vida que eu construí, ano após ano e da qual me orgulho muito, apesar de todos os pesares (que não foram poucos).

A Valéria de hoje, me dá muito orgulho sim, coisa rara da carrasca conseguir sentir de si. A Valéria de hoje, tão acostumada a sofrer porque sempre só ela perdia, se reconhece também como uma grande perda e bota grande nisso. A Valéria de hoje tem bem menos ilusões e sabe que quase nada é feito sem querer, que as escolhas refletem exatamente o que cada um queria mesmo escolher, dizer, agir. Mas a Valéria de hoje se nega a desacreditar da beleza e da sacralidade da amizade de verdade, dos afetos genuínos, da beleza das singelezas da vida e se nega a não dar valor ao que pra ela merece ter todo valor. A Valéria de hoje sabe  quem é, sabe quem quer ter na vida e sabe muito bem o que não merece e segue adiante, mesmo doendo, se nega a deixar de acreditar em dias melhores na terra da Senhora Mãe das Dores até quando essa terra lhe quiser.

Sim, Guaxupé me mudou, pra muito melhor. E há 15 anos meu coração sulfuroso é também guaxupeano. Gratidão Guaxupé! Aqui eu sou feliz e tenho fé!

 

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