Algumas bandas marcam as nossas vidas e o Jota é uma delas. Fiquei um tempo sem escutar as músicas novas deles, mas aí, vivemos procurando músicas para renovar a trilha das viagens que nem nós aguentamos mais. Como adoro as versões acústicas, resolvi dar o benefício da dúvida e lá fui eu ouvir o “novo Jota”. Logo de cara duas músicas me ganharam e já salvei no pen drive. Aliás, não gosto dessa história de pen drive e ando com uma saudade da minha super coleção de cds, devíamos ao menos ter a opção para escolher um ou outro né? Mas voltemos ao Jota e às duas músicas que incorporei na minha playlist do carro: “Um dia pra não se esquecer” com uma pegada mais dançante e é meio inevitável ouvi-la sem ficar batucando no volante e adorando cantar, quase como em uma catarse: “mas você não deu valoorrr…” A outra é daquelas que o Jota é especialista e acerta em cheio e já no primeiro acorde do violão a gente meio que se derrete “Pra quando você se lembrar de mim.” E essa a gente canta quase sofrendo pelos quases da vida, por saber cada detalhe de quem alguém é e ainda assim não ter sido o suficiente…é, acho que pode tirar o quase, a gente canta nostalgicamente sofrendo (e por Deus, não confunda com sofrência sertaneja!).
E aí, uma das coisas mais bacanas da vida é ter amigas com o mesmo gosto musical e, obviamente, tão apaixonada quanto pelo Jota, pelo velho, pelo novo, pelo eterno Jota! Nem lembro qual foi a programação, mas eu e essa amiga sempre revezamos na carona e essa noite era a minha vez de ser a motorista. Claro que no rádio tocava Jota e claro que ela entrou já com um sorrisão aprovando minha trilha. Conversa vai, conversa vem e começa a tocar : “Quando você se lembrar de mim/Saiba que tudo vai ficar bem/Segura firme, lembra de mim…” E é claro que começamos a cantarolar até que em um dado momento ela vira e meio que brigando com o Rogério Flausino fala: “Ah! Assim também não né? Tá pensando o quê?” Impossível não seguir a isso muitas risadas e uma concordância gigante. É isso mesmo, ALTO LÁ! Que mané “Quando você se cansar de correr/Eu vou estar bem aqui no começo/Quando você não souber onde ir/Pode voltar pra mim.” Pode voltar uma OVA! E rimos muito e eu jurei que isso ia virar uma bacanice.
Todo mundo a uma certa altura da vida acumula decepções amorosas e algumas pessoas ficam amarguradas, pesadas e rancorosas. E tá tudo bem se a escolha da pessoa for essa. Mas que orgulho, depois de tudo o que todas nós já passamos, ainda ser possível rir, ainda ser possível peitar o Rogério Flausino e deixar claro que a gente cresceu e viramos, orgulhosamente, uns mulherões da porra. Eu penso nesse dia e um sorriso bobo sempre aparece e eu acho demais essa história. É demais poder sermos adolescentes pra botar som alto e batucar no volante e gritar “Mas você não deu valooorrr” e é demais poder sermos mulheres maduras que aprendemos não só com os erros, também com os acertos e seguimos a vida na certeza de que merecemos muito mais do que ficar a espera de que o príncipe encantado vá lá viver suas histórias enquanto as belas, recatas e do lar vão ficar esperando ele voltar. Alto lá! “Mas você não deu valoorr ((oooh, ooh)!
Alto lá Rogério Flausino, nós “não vivemos esperando o dia em que seremos melhores”, já vivemos fazendo estes dias melhores, “melhores para sempre”.