No final do mês passado foi aniversário do meu afilhado. Ele não é de ficar escolhendo e pedindo presente, então é bem difícil saber o que dar. Aí, dessa vez, não tinha dica nenhuma e ficamos perguntando o que ele queria. Como sempre, ele não queria nada demais, exceto por um carrinho de rolimã. Coincidentemente, esse é um dos meus pontos fracos. Sou a caçula e antes de minha vem um irmão que se divertiu horrores brincando de carrinho de rolimã com os amigos e eu sempre fiquei na vontade, porque, convenhamos, esse não era um brinquedo muito seguro ainda mais pras irmãnzinhas dos meninos. Enfim, mas além de tocar em uma vontade que ficou guardada em mim, quis realizar esse desejo dele por algo diferente que é tão raro de ser manifestado. Pedi pro meu irmão fazer, mas ele não fez e aí só fui me tocar que devia ter pra vender na internet já aos 45 min do segundo tempo e não chegaria a tempo pro aniversário. Imprimi a foto e demos pra ele avisando que chegaria em breve. Primeiro que a cara dele quando viu o que era, já valeu todo o esforço pra atender esse pedido. Mas aí, ele entrou em uma ansiedade absurda, até bonito de ver. O carrinho foi postado super rápido, achei que não demoraria a chegar. Grande engano. E é claro que com o passar dos dias a ansiedade dele atingiu as nuvens. Estive em Poços no domingo e tudo o que ele sabia falar pra mim era: “Dadá, onde tá meu carrinho. Descobre!” E dali a pouco lá vinha ele de novo: “Dadá, você já sabe onde tá meu carrinho?” E o rastreamento do Correio é aquela porcaria que não atualiza certo. Deu dó, mas também perdi a paciência e disse que não tinha bola de cristal, o que me deu muita dor no coração quando minha mãe me contou que ele tava desconsolado porque o presente não chegava, mas ela disse que eu tinha ligado e na mesma hora ele já animou e disse: “Se a Dadá ligou ela resolve!” E foi então que me dei conta do tamanho da confiança que ele tem em mim. Ele acha mesmo, de todo o coração, que eu posso resolver as coisas. Sempre que estou em casa em Poços ele e a Carol me chamam pra tudo, como se eu fosse mágica. Eu não sou mágica, mas sou muito da sortuda por ter quem confia em mim cegamente. E então, por conta disso, passei a incluir nas minhas orações que eu possa não decepcioná-los, porque, na vida, não há nada mais triste do que perder a confiança. Mais triste que isso é só ficarmos tanto com o pé atrás e não conseguirmos confiar. Fazemos isso repetidas vezes com a vida, com Deus e com o fluxo natural das coisas. Não confiamos e achamos que podemos controlar e na maioria das vezes, não podemos e nem devemos. No quesito confiança, o Pedro e Carol são mestres e sabem exatamente em quem podem confiar e fazem isso na certeza de que serão atendidos. E é isso que eu desejo pra nós. Que apesar de todos os pesares a gente busque um lugar dentro da gente onde ainda é possível simplesmente confiar na certeza de que seremos atendidos. E desejo também que a gente possa sempre honrar a confiança depositada em nós, porque confiança é sagrado. A vida fica bem melhor assim!
OBS: O carrinho chegou hoje e tô aqui doida pra saber notícias e já feliz só de imaginar a alegria dele. E ele vai seguir acreditando que a Dadá dá jeito no que ele precisar.