Sabe aquele livro famoso “O corpo fala”? Pois é! A minha cara fala! E acho que meu corpo, minha energia, minhas atitudes. As pessoas que me conhecem sabem o que esperar de mim, inclusive braveza e eu acho isso ótimo. Assim que voltei a correr, após uma inflamação no joelho, minha turma escolheu um trajeto puxado, com subida, no total, foram 9 km. Paramos para tomar água e eu brinquei: “Deus me livre! Se soubesse que era esse trajeto não tinha vindo!” Um dos meninos virou pra mim e disse: “Até parece! Eu te conheço, claro que você viria!” Eu sorri e pensei comigo: “Claro que eu viria!” E fiquei muito feliz por ele me conhecer tão bem. Gosto de ser assim e gosto de pessoas que também são assim. E isso não tem exatamente a ver com previsibilidade, mas tem a ver com confiança e com verdade. Lembro de uma cena do filme Noiva em Fuga em que a personagem interpretada pela Julia Roberts, depois de nunca estar sozinha, sempre pulando de relacionamento em relacionamento, faz ovos para o café da manhã de várias formas e foi experimentando cada um para saber qual ela gostava de verdade porque sempre ela gostava do ovo do jeito que o namorado gostava. E tá cheio de gente assim que prefere ser um personagem, prefere ter um tipo de atitude com uma pessoa, outro tipo de atitude com outra. Isso sem falar das pessoas que são bacanas, parceiras, generosas até o momento que a gente descobre que era puro interesse. Perdido o interesse ela se transforma no exato oposto. Aconteceu isso comigo recentemente e eu ainda não superei. Não que a pessoa significasse tanto pra mim, mas ela foi tão bacana em uma época tão difícil que achei triste não ser de verdade. Eu ainda estou trabalhando para aceitar que aquela era a verdade do momento e que me ajudou tanto, o resto não é problema meu e sempre tem o acerto da vida. Ah! O acerto da vida! Já temos que lidar com tanta coisa, cada um tem seus próprios desafios, limitações e sei que a maioria de nós faz o melhor que pode, mas sei também que às vezes a gente dá umas escorregadas e pisa na bola, faz escolhas equivocadas, machuca os outros… Eu que sou tão visceral tenho muita dificuldade em lidar com isso, mas sempre penso que eu também sou falha e cometo tantos equívocos nem sempre intencionais. Aí, depois de ficar brava, sofrer por ter acreditado no que não era verdade e com a ajuda do passar do tempo, eu vou tentando ressignificar o que aconteceu. Nesse caso, meu compromisso é, até o meio do ano, conseguir ser grata por essa pessoa ter sido tão bacana na hora que eu precisava e que talvez tenha sido essa a missão dela na minha vida. Quero que essa seja a verdade que vai ficar guardada na memória com o afeto merecido. Por agora eu sigo a minha vida com um pé atrás com quem chega. Infelizmente esse é um efeito colateral de lidar com quem não é de verdade, a gente fica meio desconfiado. Eu que sou mineira então! Mas isso também passa e a minha verdade é que eu acredito 100% no melhor das pessoas. Tenho me lascado um bocado nos últimos tempos, mas ainda assim espero o melhor e tento dar o meu melhor e quando falho, recorro a uma bacanice meio marota pedindo desculpas e tentando consertar as coisas. E vou ser sincera, não é qualquer um que merece uma bacanice de desculpas. Isso, nesse momento, é o melhor que posso fazer dentro da minha verdade. Torço para encontrar nessa caminhada pessoas cheias de falhas, que às vezes erram, acertam, mas que são de verdade e que em algum momento eu possa olhar pra elas e dizer o mesmo que esse amigo disse, sem titubear: “Até parece! Eu te conheço! Claro que você viria!”
Amei a bacanice de hoje, como sempre. A gente tem que estar aberta a outras relacionamentos e oportunidades na vida. Tudo tem seu tempo, até pra aprender com os erros. Sinal de sabedoria.