Eu ando levando uma surra do meu corpo no Pilates e aí levo outra surra da minha mente. O meu corpo está se esforçando pra superar meus limites físicos enquanto minha mente sabota esse esforço mandando ver nas minhas limitações emocionais. Meu ego então, esse está se deliciando. São 50 minutos em que nada é fácil pra mim e além de não ser fácil ainda acho que é a coisa mais difícil que já fiz na vida. A cada dificuldade (ou seja, toda hora) minha cabeça fica repetindo: “tá velha demais pra isso, não adianta, melhor voltar pra musculação que já estávamos acostumadas.” Meu repertório é variadíssimo e entre uma careta e outra fico pensando, não em desistir, mas em como desistir seria bem mais fácil e cômodo e como é assim com tudo na vida. Temos inúmeros limites que nos desafiam o tempo todo e sempre achamos que é uma prova de resistência, força e até sacanagem mesmo do universo. Ledo engano! Cada limite é uma linda oportunidade para vencermos as limitações que criamos e seguimos repetindo como se fossem verdades absolutas, quase sempre nos diminuindo, nos julgando incapazes e nos desmotivando. Superar limites e limitações é uma prova de persistência e uma chance para nos honrarmos colocando nosso coração pra calar a boca da mente que mente. Na maior parte do tempo, trago aceso dentro da minha cabeça um luminoso que pisca, escrito: “Desistir é mais fácil.” E eu tenho que concordar com esse luminoso. Desistir é sempre mais fácil. Acreditar que chegou ao seu limite e não tem mais forças é mais fácil. Acreditar que é tarde demais, que estamos velhos demais também é mais fácil porque já traz consigo a aceitação do fracasso. É isso mesmo, eu concordo com essa placa, mas fazer disso o lema da minha vida é completamente outra coisa e está fora de questão. Adoro uma música da Legião que diz assim: “Não me entrego sem lutar, tenho ainda coração, não aprendi a me render, que caia o inimigo então.” Infelizmente, ou quem sabe felizmente, somos nossos maiores inimigos. Putz! Que frase mais auto ajuda! Sim, é uma frase emblematicamente de auto ajuda, porque nesse caso de reconhecer e diferenciar limites e limitações é uma daquelas coisas que só nós podemos fazer por nós mesmos o que acaba sendo, auto ajuda, mas no melhor sentido do termo. É também um indicativo de que existe luz no fim do túnel, que a gente tem se olhado com mais cuidado, atenção e carinho e estamos dispostos a fazer mais do que o possível e não nos rendermos ao medíocre “eu até tentei, mas não é pra mim.” Quem disse que não é pra você? Quem disse que até tentar é o melhor que podemos fazer? Quem disse? Eu digo que é só uma questão de substituir a aceitação do fracasso pela aceitação do sucesso. E já aviso que o sucesso aqui é o que cada um bem entender que seja, não necessariamente ser campeão de nada, a menos que isso seja o que você queira. Ah! Como somos limitados por nossas limitações! É hora de mudar isso, aliás, é sempre hora de mudar o que a gente quiser mudar e ir além do que acreditamos ser nosso limite e fazermos um sonoro SHIUUU para todas as limitações e taparmos os olhos para aquele luminoso idiota que nos incita a desistirmos. Quarta-feira vou estar lá na aula, fazendo caretas, doendo até a alma, suando a palma da mão como se estivesse debaixo do sol do Saara e, mesmo que por um centímetro, vou superar meu péssimo desempenho de hoje.Como quem manda sou eu, vou até substituir a frase do luminoso pra um “Eu tenho super poderes.” E vou acreditar nisso até que seja verdade, a minha verdade, mesmo que os super poderes não sejam tão super assim.