Já tem uns dias que essa música do Cazuza está me acompanhando, me pego cantarolando ao longo do dia, todo santo dia. Achei que era só uma música, mas Cazuza nunca é só uma música.
Hoje olhei pra minha vida e descobri que essa é a trilha perfeita. Nesse momento eu sou a pessoa errada, no lugar errado, fazendo tudo errado e vivendo uma vida que não é a minha (é, mas tô de birra com ela).
Acho que com a pandemia, tudo ficou maior…e é isso, ficou maior então quer dizer que já existia. Eu sempre vivo meus momentos de intenso questionamento e como já tive muito feliz com a vida que tinha criado pra mim, me acho super no direito de ficar muito triste com a vida de agora.
Ontem me perguntaram: o que você faz na sua rotina que te deixa feliz? Eu achando que estava fazendo grande vantagem respondi: “No domingo, quando estou em Guaxupé, cozinho um almoço caprichado pra mim.” Ganhei um olhar meio de pena, meio de “ah que vontade de te abraçar e consolar”… E “cruelmente” ouvi: “De 7 dias você só cozinha pra você no domingo e não faz mais nada pra te fazer feliz?” Que tal começar a fazer alguma coisa na sexta, no sábado e ir fazendo até que em toda sua semana você se faça feliz?” Sei que parece meio forçado, mas também sei o quanto isso faz diferença na vida da gente e o quanto é possível.
Adoro e vivo citando um texto da Marina Colasanti que diz que a gente se acostuma, mas não devia. A gente pode até se acostumar, mas a nossa alma não se acostuma, não se apequena pra caber nessa vidinha bem mais ou menos. E aí, mais cedo ou mais tarde, para buscadores como eu, a vida vira uma tristeza infinita e tudo parece fora de lugar, mas na verdade, está tudo no lugar, dentro do enredo perfeito pra uma vida medíocre. Eu é que estou no lugar errado, longe da vida que tracei pra mim.
Sem muito esforço posso arrumar várias boas desculpas pra ter me afastado tanto assim de mim e da minha melhor vida. Mas a verdade verdadeira é que eu fracassei miseravelmente (sim, pesei a mão no drama) e sucumbi ao “é o que tem pra hoje”. E quando a gente simplesmente aceita o pouco hoje, vai mandando pro universo que o pouco é o “nosso número” e vem “mais poucos” até que a gente tenha coragem de botar tudo no lugar, ou melhor, até a gente se colocar no lugar que merece.
Dia desses postei que sinto falta da pessoa que eu sou quando corro e que me doeu o coração ler isso. Bom, isso vai ficar pra uma próxima bacanice, mas representa muito o quanto o meu mundo está fora do lugar.
Ando fraquejando e acreditando mais nas impossibilidades de novo. Sim, tem a pandemia…mas é desculpa e eu e você sabemos bem disso.
Hoje é quarta, sexta vou escrever outra bacanice, vou comer coxinha da Dona Cila, vou tomar um vinho (dane-se a gastrite) e vou começar aqueles famosos pequenos passos que quando vemos já não estamos mais no mesmo lugar. E quando a gente se põe em movimento, a vida também se põe em movimento e uma hora a gente chega lá e dá pra ser feliz de novo.
Enquanto isso, vamos de Cazuza: “Mas ficou tudo fora do lugar, café sem açúcar, dança sem par, você podia ao menos me contar, uma história romântica…”