.:Bacanices.:

Medos bobos…coragens absurdas.

Faz 10 anos que moro no mesmo prédio e faz 10 anos que toda santa vez que chego muito tarde ou tenho que sair muito cedo que eu passo um cagaço na garagem e hoje não foi diferente. Desci por volta das 5:15 da manhã, um breu só, e na garagem tem aquelas lâmpadas que acendem com o movimento sabe? Até o movimento chegar na lâmpada eu já quase infartei várias vezes. O medo começou já descendo as escadas e minha cabeça já começou a repassar aquelas cenas clássicas de filmes americanos que alguém é sempre atacado de alguma forma em uma garagem coletiva. Junto com o medo, veio uma risada e aquela constatação de que esse se encaixa perfeitamente na definição de medo bobo. Só que hoje eu achei graça e achei que tudo bem sentir medos bobos. Quem não colecionar medos bobos que atire a primeira pedra. Eu, até muito pouco tempo atrás, não dormia com o pé pra fora das cobertas nem pagando. Quer medo mais bobo que esse? Hoje, também é possível achar graça disso e confesso que ainda rola uns momentos meio dramáticos quando no calorão me dou conta que estou com o pé descoberto pronto para ser puxado! Acho que a grande sacada da vida é essa, assumir e rir dos nossos medos bobos, mas jamais perder de vista que no outro extremo, temos coragens absurdas. Eu adoro essa frase que ilustra a bacanice de hoje e foi ela que me veio à mente quanto estava rindo do meu medo descendo a escada de madrugada. Ah! E cabe uma observação, creditam, equivocadamente, essa frase à Clarice Lispector, mas é mesmo da Tati Bernardi. Gosto das duas! E gosto dessa coisa dual da vida: termos medo não invalida nossa coragem. Dá pra ser os dois! E isso vale pra tudo. Lidar bem com isso nos traria muita leveza, mas insistimos em sermos ou uma coisa ou outra, exclusivista, maniqueísta. Isso tira tanto do que talvez seja nosso maior encantamento: a dualidade, a adaptabilidade, a multiplicidade! Viemos para experimentarmos ser tudo o que quisermos e pudermos. Se formos pensar bem, já passou da hora de trocarmos tantos “ous” por mais “es”…isso E aquilo…isso, aquilo E aquilo outro. O horizonte é tão amplo para termos uma visão tão estreita! Que nos abramos mais aos ES e que faltem dedos para contarmos tudo o que somos, com medos bobos, coragens absurdas e muito mais!

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