Não crie expectativa é um desses conselhos que a gente nem aguenta mais ouvir e a gente sabe que não deve mesmo criar, a gente sabe onde isso vai dar, sabemos e vivenciamos todos os estragos históricos da expectativa e o que fazemos? Criamos expectativas! Hoje, comecei o dia assistindo um vídeo da Inês Busch sobre isso e até comentei que renderia uma bacanice e cá está ela. Parece um assunto esgotado, mas está longe disso. Temos algum programa malicioso instalado em nosso sistema e, ao mínimo descuido, pronto! Expectativas criadas e o pior, via de regra caprichamos nessa criação. Vamos além, criamos, alimentamos, vemos crescer orgulhosos, até que a realidade vem esmagando e, como resultado, ainda nos sentimos injustiçados e vítimas enganadas pela vida. Não! Nós nos enganamos. O processo da expectativa já começa com um equívoco: ele tenta controlar o que e quem está fora. Mal conseguimos nos controlar, pensa controlar o que está fora e tem vontade própria. Quando diz respeito às pessoas, cometemos o engano de achar que elas, que são completamente diferentes de nós, vão agir como nós agiríamos e pode ficar ainda pior, porque, ás vezes, queremos que as pessoas ajam de um jeito que nem nós agiríamos. Enfim, acho que já está claro que a questão da expectativa, como bem já definiram, é a mãe da merda. A chance da realidade corresponder às nossas expectativas é algo próximo a zero. Isso sendo boazinha com a estatística, porque, realisticamente, as chances são negativas. Tá, mas o que fazer a respeito disso? Bom, é uma questão, não tão simples, de nos treinarmos. Não podemos controlar o fora, mas podemos e devemos lidar melhor internamente com as questões. Inês disse isso, eu vivo dizendo isso e todas as pessoas bacanas que conheço e sigo e que estão nesse caminho em busca de suas melhores versões também repetem isso à exaustão: “cada um faz o melhor que pode, com as ferramentas que dispõe no momento”. Mas ô coisa difícil de praticar e acreditar. E não cabe a nós julgar isso e comparar com o que nós achamos correto. Embora sejamos todos um, somos completamente diferentes, temos valores diferentes, atitudes diferentes, conhecimentos diferentes e coisas que são vitais pra mim podem não significar absolutamente nada para o outro. E tá tudo bem ser assim. Ou pelo menos deveria estar. Eu vivo criando expectativa, querendo controlar situações e quebrando a cara. Via de regra me dói ver gente que eu acreditava ter tanto potencial, sendo pouco, mas aí, quem sou eu pra botar valor nisso né? Confesso que não é um processo natural pra mim. Tenho que racionalizar, que buscar reforços em pessoas que me inspiram e por vezes, só Deus mesmo pra me dar uma luz. Confesso também que depende muito do nível de afeto que tenho por essa pessoa. Algumas, acho que valem o esforço de racionalizar, outras, deixo pra lá ou fico brava por uns tempos e penso indignada: não é possível que, de verdade, essa pessoa possa tão pouco! Mas infelizmente, ou felizmente, sei lá, é assim. E como não posso e nem devo mudar o outro, vou eu me dedicando a assumir 100% de responsabilidade por mim e pela minha vida, e acredite, isso já é muito. E encerro com um conselho contundente que acho que todo mundo já viu, mas que lida com a expectativa de um jeito bem humorado que já ajuda as coisas ficarem menos pesadas: “Crie um jumento, um cavalo alado, um bode vesgo, ou até um pônei maldito, mas não crie expectativas”.