.:Bacanices.:

Nossos cheios e nossos vazios.

Estava eu cá com meus botões a pensar no contraditório de quando estamos de saco cheio de tudo e bate aquele vazio. Isso deve (precisa) querer dizer alguma coisa, mas o que será? Fiquei me questionando sobre essas contradições tão presentes em nossas vidas. É meio estilo metáfora. Podia ser tudo tão mais direto, mas aí pode ser que a gente não estivesse pronto para receber as respostas, sei lá. Não sei muita coisa, mas sigo buscando respostas para as minhas inquietações.

Eu sou uma pessoa que se enche de tudo algumas vezes no ano e no “melhor estilo” só não jogo tudo pro alto porque senão depois vou ter que catar. Eu também sou uma pessoa que se sente esvaziada um sem número de vezes no ano. E entre um cheio de tudo e um vazio agudo a vida acontece. E não há nada mais contraditório e metafórico do que a vida. E bem viver talvez seja mesmo essa nossa busca de dar sentidos, de sentir, de fazer sentir.

Embora pareça contraditório, acho que o cheio e o vazio são meio complementares. Quando nos sentimos cheios de tudo é hora de esvaziar, é hora de deixarmos ir, é hora de abrirmos mão e é hora de nos permitirmos um necessário e curativo transbordamento. Transbordam nossas dores, nossos cansaços, nosso inconformismo, nossas perdas e até nossos ganhos. Liberamos todo o lixo emocional que acumulamos todas as vezes que dizemos sim querendo dizer não, quando aceitamos o inaceitável, quando esquecemos que a pessoa que merece nosso maior cuidado, proteção e respeito somos nós mesmos…Toda santa vez que estamos cheios acontece uma mágica que se não estivermos atentos, simplesmente vai passar. Quando estamos desatentos e desconectados de nós mesmo, quando nos sentimos vazios  vem logo uma melancolia, uma nostalgia de tudo o que nos enchia, porque como já escreveu lindamente a Marina Colasanti, a a gente se acostuma, mas não devia. A gente se acostuma com todas essas coisas ofensivas à nossa alma, mas nos acostumamos tanto que quando nos esvaziamos delas sentimos falta. O vazio começa a se agigantar, a pesar e a gente até pensa que estar cheio é melhor do que vazio. Mas que nada! Cada vez que estamos vazios temos a chance de sermos mais seletivos com o que colocamos pra dentro, com o que permitimos que habite nosso território sagrado.  É isso! Território sagrado. Vazios, podemos nos reconectarmos com quem somos de fato, podemos relembrar o que  nos faz felizes, o que toca nossa alma, o que coloca um sorriso bobo no rosto…o que nos enche de vida, no melhor sentido da expressão.

Nesse momento podemos renascer ou podemos deixar tudo ruim como está e nos entulharmos de novo até nos enchermos e transbordarmos nem ciclo perpétuo de cheio e vazio sem qualquer significado real e transformador…tristemente só cheio mesmo e só vazio mesmo.

Março já desponta no horizonte, logo o outono vem nos fazendo um convite a quebrar esse ciclo, a transbordarmos no inverno para renascermos na primavera.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima