Eu não sou um ser humano conectado com a natureza, muito pelo contrário, mas gosto muito das metáforas que a natureza nos empresta para entendermos melhor a vida. Essa semana, andei retomando alguns hábitos que havia abandonado e um deles é ouvir a Flávia Melissa. No meio da live ela tava comentando da sabedoria do rio, não apenas em contornar os obstáculos que é uma metáfora bem manjada, mas sobre sua determinação em seguir seu curso sabendo que não importam os caminhos tortos, seu destino é o mar. O rio, da sua nascente até chegar ao mar, passa um bocado de perrengues e nem sempre passa por lindos cenários, mas ele não perde, em nenhum momento a certeza de que vai chegar ao seu destino. Ele não fica pelo caminho reclamando e mudando o curso porque ali tem uma árvore florida linda e no curso normal tem só lama.
Eu achei engraçado porque se eu fosse um rio ia mudar o curso pra passar perto da árvore florida, da jabuticabeira, me recusaria a passar, por exemplo, por dentro de São Paulo…Tirando a brincadeira, é isso que fazemos o tempo todo na vida quando passamos pelos trechos de lama ou quando, mimados, teimamos em fazer birra porque queremos algo ou alguém que está mais do que claro que não é pra gente. É, de fato, muito mais fácil desviar, mudar totalmente o caminho e momentaneamente nos agradar afinal, a gente merece. Muuuitto melhor um caminho de flores e de mimos. Mas sinto te decepcionar, uma lama aqui, outra laminha bem lamacenta ali são fundamentais pra gente dar mais valor quando encontra o mar. Ah! O mar! Certeza que assim como o rio, o nosso destino é desaguar no mar e por mar cada um entenda o seu destino final que deve ser lindo, deve ser recompensador, deve ser…”azul da cor do mar”. E tem outra questão ainda, com tantos desvios, será mesmo que vamos chegar no nosso mar? Chances são de que a gente não aproveite nada do que a viagem tinha pra nos proporcionar e ainda corremos o risco de chegar em um mar que não é o nosso e talvez nem chegarmos.
Não, a vida não anda fácil, muito pelo contrário. Claro que preferíamos desviar da pandemia. Eu ainda acredito que a pandemia é um desses trechos super lamacentos que chega até a nos cegar por um tempo e nos faz duvidarmos, de verdade, que existe um mar azul e um dia ensolarado esperando por nós. Mas existe! Basta seguirmos firmes nosso caminho, atentos a tudo o que ele nos proporciona de desafios, crescimentos, mudanças e até machucados.
Então nessa sexta embaçada sem sol, vou seguir meu caminho, mesmo que pareça por vezes meio perdido e distante. Eu que tantas vezes me assemelho a um rio turbulento de águas caudalosas vou seguir confiando no fluxo da vida e no meu curso natural pra que meu destino seja o mar num dia azul sem igual com o sol a brilhar!