Durante muito tempo eu ouvia dizer que as coisas simplesmente são, nem boas e nem ruins, nós é que vamos lá e de acordo com as nossas experiência rotulamos e carimbamos nosso julgamento. Confesso que foi difícil entender e já fiquei brava algumas vezes. Pensava comigo: como pode uma coisa péssima não ser péssima? Além de ser péssima ainda é minha culpa ela ser taxada de péssima? Discussão bem imatura e infrutífera. Na verdade fui assimilando esse conceito de um jeito bem mineiro, super desconfiada e com os dois pés atrás. Até que hoje finalmente compreendi.
Eu tenho um calendário em cima do microondas em casa e quando fui preparar o café olhei pra ele e me dei conta de que já estávamos em fevereiro. Foi só então que também me dei conta que agora fevereiro é só fevereiro mesmo, nem bom, nem ruim…só ele, mais um mês no ano. Fevereiro já foi um mês que me enchia de alegria e eu tinha uma data muito especial pra comemorar. Essa data me mobilizava muito antes e eu fica super ansiosa pra ela chegar. Depois, ironicamente, fevereiro se transformou no mês de um dos dias mais tristes e devastadores da minha vida. Fevereiro chegava e dava até uma dorzinha no coração só de lembrar tudo o que passei.
Olhar para o calendário e ver só fevereiro foi um daqueles momentos mágicos. Eu cresci! E como! Só eu sei a custa de quanta valentia. Mas mais do que esse auto orgulho bobo, percebi que quem diz que as coisas são apenas coisas tinha razão. Nós realmente damos o significado que nosso coração é capaz de dar naquele momento. Colocamos pesos, colocamos ilusões, fantasiamos ou somos realistas demais. Mas tudo isso é só o nosso olhar, o nosso filtro e o nosso carimbo pras coisas, para os lugares e até para as pessoas.
Tudo apenas é o que é e talvez seja um bom exercício apurarmos o olhar para vermos as coisas como de fato elas são e não como elas nos marcam. Estragamos tanta coisa ao fazermos isso. Eu estraguei músicas do Nando Reis, do Chico, já estraguei até o vinagre balsâmico que não uso mais por nada! Talvez seja hora de pararmos de colocar pesos, a vida já tem seus próprios pesos fora os outros que insistimos em carregar.
Eu sei que não é fácil, mas ser fácil ou difícil é só mais um carimbo que coloquei. As coisas são como são e a gente escolhe o que vão significar. Simples (ou complexo) assim…a gente que escolhe! O que você vai escolher?