Eu não sei vocês, mas tem dia que acordo e o dia não engrena. Por mais que eu me esforce, o trem não anda. E aqui está o primeiro grande engano: “Por mais que eu me esforce.” Porque tenho que me esforçar pra que o dia engrene? Porque é tão difícil aceitar que tá tudo bem não estar tudo bem vez ou outra? Eu acho que a vida carece dessas pausas, ainda que as horas passem, o dia siga, nosso coração fica pausado em algum lugar. Via de regra eu jogo a culpa desses dias na falta de sol. Hoje, ou escolho ser cara de pau master culpando um inexistente dia nublado ou assumo que tem sol e ainda assim não está tudo bem. Eu tinha parado com esse massacre mental que passa pro corpo, mas sei lá porque cargas d´água, voltei a fazer isso, com força. E é engraçado como o corpo tem uma sabedoria tão própria e vai dando as dicas de que não tá tudo bem muito antes de entramos nessa pausa meio que forçada pra gente fazer o que devia fazer sempre: nos voltarmos para nós. Faz uma semana que meu ombro tem doído mais do que o normal e achei que era por conta da lesão. No Pilates descobri que não, a lesão está bem comportada, mas minha cabeça…Minha psoríase anda a mil, inovando nos pontos que surge e eu ignorando, remediando e, infantilmente, fingindo não entender o recado. O recado é simples: não tá bom do jeito que tá e tudo o que eu mais queria, nesse momento, era ouvir palavras de um futuro (próximo) bom. É tão mais fácil fazer essa travessia pelos dias difíceis quando alguém nos diz que logo ali mais a frente as coisas estarão melhores e nessa hora vale acreditar em tudo: horóscopo, cartomante, conselho clichê de amigo, música tocando no rádio, bula de remédio (brincadeira!). A gente se agarra a qualquer possível sinal que nos acalme um pouco a alma. Chocolate também é um santo remédio! Mas o que tenho aprendido mesmo é que as únicas palavras de um futuro bom que farão sentido pra nós são as que acreditamos com todo o nosso coração que estão nos aguardando logo ali, na tal da bonança depois das tempestades. E pra gente acreditar nisso é preciso saber que um futuro bom só acontece quando aprendemos a lidar bem com o presente não tão bom ou completamente ferrado. Quando sacamos que não é preciso se esforçar tanto assim pra ficar bem porque esse esforço não vai adiantar nada. E como a vida tem um fluxo natural e generoso, hoje na lembrança do face me veio uma postagem minha citando a Paula Abreu e mais do que palavras de um futuro bom, veio também como palavras de um presente bom e sábio: “A gente faz aquilo que está pronto para fazer. (…) Assim como no Yoga, na vida também a gente só vai fazer quando a gente estiver pronto. Não adianta forçar. Temos que respeitar nosso limite. E encontrar o equilíbrio perfeito entre essa não-violência com a gente mesmo e a persistência e disciplina que precisamos ter pra nos capacitarmos para vôos maiores. (…)Descubra o que é importante pra você e, respeitando o seu limite hoje, não se esqueça que este limite sempre pode ser…mudado.” Que não forcemos! Que respeitemos nosso limite! Que encontremos o equilíbrio! Que venham vôos maiores! E que esteja tudo bem não estar tudo bem!