Desde que machuquei o ombro, a coisa que mais me tem feito falta é espreguiçar. Faço isso algumas vezes ao dia e tenho sentido tanta dor que já estou condicionada a espreguiçar só de um lado ou interromper o movimento antes que seja tomada por uma dor daquelas. E esse é só mais um exemplo das inúmeras pequenas grandes coisas que fazemos no automático diariamente sem dar o menor valor. Aliás, temos vivido, a maior parte do tempo, no automático e com isso perdemos a chance de apreciar muito mais a vida e sermos verdadeiramente gratos. Tem dia que acho que nunca mais vou voltar a ter prazer em espreguiçar. Tem dia que eu esqueço, espreguiço e sinto tanta dor que nem sei explicar. Dá pra acreditar que um tombo bobo me tirou o prazer dessa coisa mais boba ainda e que eu nem sabia que era, não apenas um prazer, mas um grande prazer? Pois é. Impossível não pensar em quantas vezes algo bobo da vida nos tira o prazer de vivenciar coisas tão pequenas que a gente nunca deu bola de verdade. É bem aquele super clichê de só dar valor quando a gente perde. Se é um clichê de tanto que é verdade, como é que nos mantemos indiferentes em relação a isso? Como é que não damos atenção? Eu não tenho a resposta, mas tenho a sincera vontade de ficar mais atenta a tudo isso. Aliás, venho exercitando estar mais atenta à vida. Dia desses, um grupo de amigas me convidou para fazermos um desafio de 21 dias de gratidão e eu me peguei dizendo, de todo o coração, que hoje, graças à muita prática e um sincero compromisso de mudar meu olhar pra vida, ser grata não é mais um desafio. Sou grata, naturalmente, inúmeras vezes ao dia…por tudo e por nada. O que eu sei é que ando contando as horas pra voltar a espreguiçar e espero que nunca mais espreguiçar volte a ser uma coisa insignificante na minha vida. Espreguiçar é vida e reconhecer isso é mais vida ainda!