Sabe, eu nublo fácil, por isso talvez essa necessidade tão presente de sol. Hoje foi um dia pesado que só, aliás, tem sido uma coletânea de dias difíceis e pesados.
Do mesmo modo que nublo fácil, sinto muito tudo e esse mundo é cada vez menos o lugar pra gente como eu. Todo dia que ligo pra minha mãe e conto como estou brava e indignada, ela muito sábia e serena me diz pra deixar pra lá porque ultimamente tenho feito muito mal pra mim e o mundo segue nem aí pra minha revolta. Acho que de certa forma ela está correta no conselho de mãe.
Pra ajudar, recentemente tive que abrir mão da terapia e pensa numa pessoa que gosta da terapia. A terapia me ajuda a me entender, me ajuda a elaborar essa vida intensa que exige tanto de mim e acreditem, isso significa tanto!
Não gostei nada desse negócio de crescer e ter que fazer escolhas. Eu sempre ouvia que quando a gente escolhe uma coisa, automaticamente, a gente abre mão de outra, mas acho que não é pra mim abrir mão da terapia. E talvez seja melhor pro mundo também que eu não abra mão…(risos).
Mas em meio aos dias difíceis, a coisa que mais me comove, são as pessoas fáceis.
Vivemos em um mundo bem egoísta e virou uma máxima essa coisa de não contar as coisas pros outros porque vão sentir inveja. Pode até ser, sei lá, não ando sabendo de muita coisa, mas sei o valor de quem escolhe dividir a vida com a gente no que ela tem de melhor, de mais ou menos e de pior. É isso que é dividir a vida, o resto é ser parça e Deus me livre de ter “parças”.
Hoje, no meio da manhã, recebi uma mensagem de uma amiga que me emocionou pela delicadeza e consideração. Ela não tinha obrigação nenhuma, mas fez questão e ter quem faça questão da gente em um mundo tão descartável é mesmo de emocionar.
Fiquei emocionada e orgulhosa porque a vida não é fácil e vez ou outra ainda fica difícil. E temos bem à nossa frente a escolha de sermos melhores. Só que ser melhor dá um trabalho, leva tanto tempo, consome tanta energia que muita gente escolhe ser pior mesmo. Não essa minha amiga! Eu imagino a dificuldade do processo. Eu imagino quantas vezes ela teve que passar por cima de algumas “verdades absolutas”. Eu imagino…
Escolher de novo, escolher amor, escolher milagre é, sem dúvida, uma daquelas coisas que ficam super bem acompanhadas de hashtags namastê, mas que no miudinho dos dias exige de nós mais do que achamos ser capazes de dar.
Mas essa amiga se fez capaz de muito, de ser grande, de escolher de novo e de me escolher pra contar isso. No meu dia pesado ela foi a melhor pessoa fácil.
Eu sei que dias não muito melhores virão, então desejo, de todo o meu coração, que pra cada dia difícil a vida nos presenteie com pessoas fáceis e desejo que também nós possamos ser as pessoas fáceis dos dias difíceis de alguém.