“Você chega em casa, faz o seu café, senta na sua poltrona favorita e não tem ninguém… Você decide se isso é solidão ou liberdade.”
Eu adoro essa frase e desde a primeira vez que ela chegou a mim eu sempre lia e respondia orgulhosa com um sorriso de canto de boca: liberdade. Sim, respondia! Hoje, se você me fizer essa pergunta, o sorriso orgulhoso provavelmente cederá lugar a um sorriso um pouco amarelo e meio sem graça e devo responder meio sem querer: solidão!
A primeira vez que pensei nisso fiquei muito brava comigo mesma. Como era possível a fortona que sempre gostou de estar sozinha achar que essa cena que tanto lhe rendeu orgulho ter virado motivo de uma envergonhada constatação de solidão?
É que eu tenho essa tendência de ser carrasca comigo o que já explica um pouco dessa solidão afinal uma auto carrasca não pode ser boa companhia não é mesmo? Na verdade acho que não tem resposta certa pra essa pergunta e hoje também já sou bem menos carrasca comigo e me faço ótima companhia. Aprendi a exercitar o prazer em estar sozinha e a prática levou à “perfeição”. Cozinho pra mim, faço o que bem entendo, maratono série ou me dou ao direito de desfrutar do meu desejado sofá sem fazer rigorosamente nada…
Moro sozinha há mais de uma década e na maior parte do tempo gosto muito disso, sim, ainda gosto, acho que esse sentimento ultimamente tão presente de solidão é só um hiato nessa certeza prazerosa de liberdade. Acho que a pandemia nos levou a limites e talvez eu tenha chegado ao limite da solidão que faz bem. Também tive a oportunidade de voltar pra casa em Poços por longos períodos, coisa que não acontecia há muito tempo, e eu descobri que também é possível olhar pra bagunça que é lá em casa e chamar aquilo de liberdade. Lá, não faço nada sozinha…ninguém faz é tudo coletivo, tudo em alto volume, tudo muito. Aqui é tudo pouco…muito pouco…o excesso é só de silêncio.
Vou demorar pra ir pra casa e decidi que nesse final de semana vou me dedicar a resgatar esse prazer de estar sozinha e ver isso como uma linda e prazerosa liberdade. Já separei uma receita nova pra domingo, vou me dar ao direito de uma taça de vinho e tenho a oportunidade de ser menos carrasca e mais parceira. Coisa que sou até com quem nem merece. Eu mereço.
E você? Chega em casa, faz o seu café, senta na sua poltrona favorita e não tem ninguém… Isso é solidão ou liberdade?
Tem outra alternativa: Solitude.
Me identifiquei totalmente com seu texto.
Depois de uma vida de dependência em estar com alguém por perto descobri a solitude.
Mas a vida não é perfeita, não é? E somos seres gregários. É natural querermos alguém bacana por perto.
A questão é: até que ponto aceitamos abrir mão dessa liberdade da solitude, para ter alguém que pode ser uma relação meia boca?
Sim Teresa, pra mim não vale a pena nada meia boca! Fico feliz que tenha gostado e comentado, volte sempre!