.:Bacanices.:

Tempestade em copo d´água?

Ontem, depois de muito tempo, me dei conta que estava respirando mais leve e o peso no coração havia sumido. Por pouco eu não deixo passar batido, porque é isso que a gente faz quando estamos  voltados muito pra fora e esquecemos que, a bem da verdade (isso soa bem cruel às vezes) o negócio é todo do lado de dentro. Eu sei disso de cor, mas quando estamos no meio de um furacão, perdemos todas as certezas e ficamos nos debatendo nas incertezas e nosso raio de visão fica extremamente limitado, assim como nosso raio de ação. Parece que estamos de mãos atadas, aí não dá pra nadar com o ritmo, o vigor e a cadência necessários para sairmos de tudo isso e chegarmos a um destino mais seguro. Ontem eu também me dei conta que voltei a fazer tempestade em copo d´água e quando pensei isso fiquei me questionando sobre essa expressão e me achei cruel comigo. Metaforicamente, a tempestade em um copo d´água é ótima expressão, mas emocionalmente é catastrófica. Parece que a pessoa tá enfrentando um probleminha qualquer e fazendo drama e sabemos que não é bem assim. Mas ampliando essa análise, estou tentando dar um novo sentido a essa expressão, um sentido mais empoderador e mais amoroso também. Por vezes, nosso universo particular se torna um copo mesmo, veja bem a intensidade disso! Estamos acuados diante da vida, estamos, como um lutador, sendo esmurrado nas cordas e mal conseguimos respirar. Tudo pesa…ombros, coração, cabeça, alma…tudo pesa! Nosso horizonte já está limitadíssimo e não conseguimos enxergar um palmo à frente do nariz e nem sequer uma frestinha de sol por entre as nuvens pesadas que nos cercam. E nesse cenário, tudo tende a só piorar e então surgem raios, trovões, maremotos e tudo parece indomável, avassalador e realmente o são naquele momento. E está feita a tempestade em copo d ´água. Imagine o quão assustador  é para quem está enfrentando tudo isso e vendo seu barquinho (que a essa altura se parece mais com um barco de papel) a sossobrar em águas bravias. Obviamente isso é um fiel retrato de como as nossas emoções funcionam quando nossa vida vira de ponta cabeça. Perdemos completamente a perspectiva e nos vemos absurdamente em perigo. Pode todo mundo em volta ter a ciência de que a situação não é tão grave assim, mas no olho do furacão, a situação é desesperadora. E como baixamos a cabeça, limitamos nosso olhar só para a tempestade, fica muito difícil colocar a mão no coração e respirar…respirar…aliviar os pesos…respirar…e basta essa simples atitude de buscar irmos nos aproximando do nosso centro novamente para começarmos a vislumbrar, ao longe que seja, um novo horizonte com uma luzinha que a gente sorri ao avistar na esperança que seja o sol. De tempestade em tempestade vamos nos tornando melhores marinheiros e ampliando nossos espaços, dominando nossa respiração e nosso medo e vamos ficando seguros e abusando e aumentando a permissão para nos invadirem e nos cobrando travessias perfeitas e sem percebermos, armamos de novo o cenário perfeito para que uma nova tempestade em um novo copo d´água nos assole. Tempestades em copos d´água não são dramas, são dramáticas, mas passam!

 

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