Adoro Martha Medeiros e adoro um texto dela que diz isso aqui: “(…) Comecei a ficar mais atenta às verdadeiras razões dos meus choros, que, aliás, costumam ser raros. Já aconteceu de eu quase chorar por ter tropeçado na rua, por uma coisa à-toa. É que, dependendo da dor que você traz dentro, dá mesmo vontade de aproveitar a ocasião para sentar no fio da calçada e chorar como se tivéssemos sofrido uma fratura exposta.”
Segunda-feira descobri que a faxineira tinha jogado todos os meus panos de limpeza fora. Incluindo um panão gigante das antigas, desses que não fazem mais, que minha mãe me deu. Pronto…fratura exposta. Tudo bem que ninguém deve jogar fora nada que não lhe pertença, mas não era pra tanto. Aquela informação veio devastadora como se ela tivesse jogado fora meu vestido favorito. Liguei pra minha mãe inconformada e me bateu uma tristeza, mas uma tristeza daquelas. Só ontem fui me tocar que aquele súbito afeto exagerado pelo pano de chão só podia ser sinal de muita bagunça interna.
Acho que a tristeza pelos panos foi só o “tropeção na rua” pra chorar toda a saudade que insiste em aparecer nas horinhas de descuido, pra chorar o que não deu certo, pra chorar quem não ficou, pra chorar do que a gente desistiu, mas não largou, pra chorar porque tava nublado, pra chorar a vida que tá longe de ser a que a gente sonhou…
Coisa maluca a cabeça da gente né? E quantas histórias contamos pra nós mesmos a ponto de precisarmos de um tropeção, de um pano de chão, de uma desculpa qualquer para simplesmente ser humanos e transbordar o que estava nos enchendo (o saco) a alma e afogando nossa alegria.
Parece, e até é mesmo, lugar comum dizer que a única voz que devemos ouvir é a do coração, mas é a verdade mais verdadeira. Ouvir o coração é se honrar, é se honrar quando dói, é se honrar quando dá vontade de chorar, é se honrar quando dá vontade de rir, é se honrar quando, bipolarmente, a gente ri e chora. E já que estamos na fase clichê, vale lembrar que a mente mente e que o coração…ah o coração! Esse sabe das coisas! Mesmo que seja meio autossabotador algumas vezes e nos coloque em grandes frias, ainda assim, ele é a única voz que deve fazer sentido.O resto é só resto e tropeções.
É e como um tropeço na rua as vezes realmente parece uma fratura exposta!!! Mas passa e o coração é realmente uma otima voz a ser ouvida. Mais um texto do cara… amei!!! Vc é muito Foda!