Enquanto escrevo essa bacanice , cai uma chuva suave lá fora, passarinhos cantam na goiabeira que fica bem em frente à minha janela…Essa semana estou especialmente impactada pela natureza. A chuva começou e seguiu mansa e só me dei conta de que estava chovendo porque subiu aquele típico aroma de terra molhada. Olhei pela janela e caía água, mas o céu seguia azulzinho e na foto que fiz tem até um solzinho marrento persistindo. Primeiro tirei um minuto para ser grata. Vocês fazem ideia da sorte de poder identificar a chuva pelo aroma de terra molhada? Nem sei quantos milhões de pessoas não têm mais isso e nós temos. Pensar nisso me fez agradecer, eu não fui talhada para morar em cidades nas quais é impossível viver essa experiência besta, que de tão besta, a gente nem dá valor mais. Com o céu azul, fui checar como era possível cair tanta água do céu e vi que era apenas uma nuvem passageira. Impossível não pensar na vida! Essa chuva é igualzinha a tantos e tantos e tantos problemões que temos na vida que se levantássemos da cadeira e olhássemos pela janela veríamos que são apenas nuvens passageiras. Olhei também para o sol e, de certa forma, me reconheci na marra dele de permanecer brilhando mesmo enquanto a chuva caía. Não tenho conseguido brilhar sempre, mas tenho resistido mais às nuvens nubladas. Em alguns dias eu as venço, em outros, me rendo e me encharco, mas logo depois reascendo o brilho, ainda que tímido. Não é fácil, não é automático e muito menos simples, mas é possível. E só é possível quando estamos mais atentos ao que passa dentro de nós. Temos esse hábito de buscar tudo fora, mas o segredo mesmo é alimentarmos nossa vida interior, passarmos mais tempo conosco, estarmos atentos ao que nos faz brilhar…E fiquei pensando, mais uma vez em como somos sortudos por vivermos no interior. Então me dei conta de como a vida no interior favorece essa vivência interior. Ainda nos é possível estarmos presentes no presente, olharmos para o céu e vermos um céu azul, com estrelas e uma linda lua nova. Estive recentemente em São Paulo e o motorista do Uber falava exatamente sobre isso, como, de certa forma, as pessoas que moram nos grandes centros tiveram que se acostumar a conviver com o cheiro fétido dos rios, com o enfumaçado do céu…Pareceu só uma conversa jogada fora entre a partida e a chegada, mas que nada! Foi a vida, preparando terreno para que eu pudesse ter essa exata percepção que 5 minutos de chuva mansa me proporcionaram. A vida tem lá seu jeito único de nos dar suaves toques e lindas oportunidades para, em meio ao aparente caos, percebermos que somos infinitamente mais abençoados do que podemos nos perceber cotidianamente. Infinitamente…