.:Bacanices.:

A vida sabe o que faz.

Se tem uma coisa que eu detesto, talvez a que mais detesto, é ir pra academia fazer musculação. Já mudei um monte de hábitos, negociei comigo algumas coisas, mas essa não mudou um centímetro. Mas por conta de correr tive que começar a fortalecer na marra e todo dia eu saia aqui da agência e dizia pra minha sócia com cara de desconsolo: “Já falei que odeio musculação?” E ela, pacientemente me respondia: “Pensa que é pra você poder correr, que você ama!” Pronto, lá ia eu, mesmo contrariada, fazer musculação. Ontem, por exemplo, o tempo fechou, caiu um toró e cheguei toda animada pra correr na chuva. Pois é, correr afeta seriamente a saúde mental e a gente passa a gostar de umas coisas doidas como, por exemplo, tomar chuva e ficar feliz com isso e olha que nem gosto de chuva. Mas o tempo seguiu feio, com trovões e relâmpagos e o que nos restou? Fazer educativo. E é claro que eu odeio educativo, mas mais uma vez tenho que admitir que é necessário, temos um desafio de 10 k logo à frente. Aí fiquei pensando que na vida é igualzinho. Quantas e quantas situações passamos sem gostar e até mesmo detestando e duvidando do sentido de tudo aquilo. Até que em um dado momento, nos descobrimos mais fortes, mais aptos a encarar coisas que antes nos destruíam e hoje só dão uma balançada e amanhã nem isso vai acontecer.

Dia desses estávamos conversando como estamos todas melhores e maiores e mais fortes e mais felizes e nos honrando e valorizando cada oportunidade que a vida tem nos dado para sermos o melhor que podemos ser. E pasmem! Todas concordamos que isso só foi possível graças aos maiores perrengues que passamos. Dizem que a gente aprende ou pelo amor ou pela dor. Eu acho que os maiores aprendizados, mais transformadores mesmo, vêm pela dor. O que não deixa de ser um braço do amor, porque eu não acredito nesse amor que tudo aceita, tudo permite, tudo passa a mão na cabeça. Não! O que aprendi, é que, por vezes, o maior amor é mesmo dizer não, é deixar a dor chegar para revolucionar e pra tirar o outro do comodismo e da pequenez. E de novo vou dizer que acredito na mudança, acredito que podemos e devemos crescer, no melhor e mais amplo sentido da palavra crescer. Foi pra isso que viemos. Dizem que é emocionante acolher no mundo aquele bebê que acaba de nascer. Eu digo que é igualmente emocionante acolher no nosso mundo pessoas que acabaram de renascer. Essas pessoas têm uma luz especial que não vem de nada nem de ninguém fora delas. E, certamente, esse é o maior prêmio pra quem atravessa a dor. Luz! E o melhor tipo: Luz própria! E, é hora de fazer justiça a ela: a vida! Aqui me redimo e peço sinceras desculpas à vida por todos os quebra-paus homéricos que tivemos e, humildemente reconheço: “a vida sabe o que faz, sabe o que leva e sabe o que traz.” Pode se gabar vida! Você é foda! 

 

 

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